“Nada é de maior importância do que a educação de nossas crianças e jovens. A Igreja deve despertar e manifestar profundo interesse nesta obra.” Ellen G. White in Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, p.147
“A Igreja tem uma obra especial a fazer no educar e preparar as suas crianças a fim de que, frequentando outras escolas ou em outros convívios, não venham a ser influenciadas pelos que têm hábitos corruptos.” Ellen White in Conselhos sobre Educação, p.193
“Onde quer que haja alguns observadores do Sábado, os pais devem-se unir para providenciar uma escola em que as suas crianças e jovens possam ser instruídos.” Ellen White in Conselhos sobre Educação, p.198
Tendo como ponto de partida os escritos de Ellen White e um grande espírito de iniciativa, a Igreja Adventista de Oliveira do Douro não só decidiu aceitar teoricamente os conselhos apresentados mas também pô-los em prática.
Atendendo ao facto de haver na Igreja um grande número de crianças em idade escolar e de o então Presidente da Associação Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia, Pastor Ernesto Ferreira, ter feito uma sugestão neste sentido, esta Igreja, que tinha na altura como pastor Joaquim Casaquinha, resolveu envidar todos os esforços para iniciar uma escola primária.
O caso foi apresentado ao Conselho da Associação Portuguesa e, na ata da reunião datada de 5 de agosto de 1973, foi “votado dar os primeiros passos para se abrir uma escola primária em Oliveira do Douro, a partir do próximo ano letivo.”
A nova escola entrou em funcionamento no ano letivo de 1973/74, no dia 7 de janeiro de 1974, no início do segundo período escolar, e começou a funcionar provisoriamente nas instalações da Igreja, nas duas salas do rés-do-chão, com cerca vinte alunos distribuídos por duas classes, tendo como professora Maria Edite Pinheiro.
No ano seguinte, 1974/75, o número de alunos e de classes aumentou. Vieram também alunos das Igrejas de Avintes e de Canelas. Começaram a funcionar as quatro classes e houve necessidade de mais uma professora, Maria José Mendes Rodriguez.
Embora com a escola a funcionar nas instalações da Igreja, foi preocupação dominante encontrar um terreno apropriado para a construção de uma nova escola. Já em 2 de junho de 1973 tinha sido formada uma comissão encarregada da compra do terreno constituída por: José Cardoso, Alberto Freitas Rodrigues, Manuel Bravo e António Salazar Simões.
Após várias tentativas nesse sentido, foi adquirido um terreno nas imediações da Igreja que preenchia os requisitos necessários e foi dado início à nova construção, em 1974.
Visto tratar-se de uma escola de Igreja, no dia 26 de janeiro de 1975 foi formada uma Comissão Escolar da qual faziam parte a professora Maria Edite Pinheiro, o então pastor da Igreja António Maurício, Maria José Simões Gonçalves, Jaime Noronha e Artur Amaral.
Por essa época, mesmo antes do início dos acontecimentos já narrados, a Direção da Obra Adventista em Portugal diligenciava encontrar um terreno onde construir uma Escola Secundária, de preferência na zona norte do país, visto ser a zona onde existiam mais jovens adventistas.
Na ata da reunião do Conselho da Associação Portuguesa de 3 de março de 1972 foi: “votado: nomear para o estudo dos assuntos relacionados com o local e a natureza da futura Escola Secundária da Associação Portuguesa uma comissão composta pelos seguintes membros: Ernesto Ferreira, M. Buonfiglio, José Sandoval Melim, António Baião e Joaquim Dias.”
Esta comissão visitou vários locais e, estando os seus membros a procurar um terreno na zona norte, foram convidados a visitar as futuras instalações da Escola Primária de Oliveira do Douro. Ao observarem “in loco” o terreno, a construção e as potencialidades, uma ideia surgiu. Por que não aproveitar o terreno e a construção da escola local para, ampliando a mesma construção, aí fundar o COLÉGIO ADVENTISTA?
Depois de discutida e aceite esta ideia, a construção já iniciada foi ampliada e vários terrenos anexos adquiridos, sob a orientação do irmão José Cardoso da Igreja de Oliveira do Douro.
Em 15 de outubro de 1975, apesar das instalações ainda não estarem completamente concluídas, o Externato Adventista de Oliveira do Douro foi inaugurado com a presença do então Presidente da Associação Portuguesa, António Baião, e do Departamental da Educação, Joaquim Dias. Nesse ano letivo de 1975/76 funcionaram as classes do ensino primário e os dois anos do Ciclo Preparatório.
Os professores eram: Maria Edite Pinheiro, Maria Raquel Mendes Grave, Eunice Mendes Alves, José Carlos Cidra Moura e Gustavo Samuel Grave, que também era o Diretor. A funcionária era dona Margarida de Sá Matos e havia setenta alunos na primária e quinze alunos no ciclo.
Do edifício central apenas se encontravam operacionais quatro salas de aulas e as instalações sanitárias. Nem secretaria, nem sala de professores, nem ginásio, nem refeitório. Enfim! Só quem teve essa vivência é que pode recordar a “irmã Guidinha” a aquecer os almoços no fogão que estava à porta da sala da professora Edite, as rãs no terreno encharcado, etc, etc…
No início desse ano letivo o Colégio adquiriu uma carrinha Ford para transporte dos alunos que vinham de Espinho, de Canelas e do Porto. Para a condução da carrinha, um crente da Igreja de Canelas, Serafim Miranda, disponibilizou-se durante um ano, em serviço voluntário.
Nos anos letivos de 1976/77, 1977/78 e 1978/79 começaram a funcionar respetivamente, o 7º, o 8º e o 9º ano do Curso Secundário Unificado.
Em 1978 o Colégio recebeu a oferta de um autocarro de vinte e cinco lugares. Foi uma oferta anónima de um crente adventista a quem o Colégio ficará sempre reconhecido.
De 1978 até 1984 o autocarro foi conduzido pelo Ir. António Teixeira. A partir dessa data, pelo Ir. Joaquim de Abreu, pelo Gersão Moreira e, atualmente, pelo Paulo Jorge Moutinho. Durante este longo período, o Colégio foi atualizando as viaturas de transporte escolar.
Voltando a 1978, nessa altura a direção da obra de educação adventista em Portugal cimentou a ideia de considerar a escola de Oliveira do Douro como “a futura escola da União Portuguesa” e, em 30 de janeiro de 1978, foi votado em conselho “que a escola passe a funcionar com quatro anos do ensino primário, dois anos do ensino preparatório, três anos do ensino secundário unificado e dois anos do ensino complementar.” Também foi votado o plano para “a construção de um internato. O internato dos rapazes deverá ter um máximo de quarenta a cinquenta camas e o das meninas um máximo de trinta a quarenta camas. A cozinha e o refeitório deverão ser incluídos num desses edifícios.”
Para a angariação de fundos para essas construções foi reservado o excesso da oferta da Escola Sabatina a nível mundial, no 13º sábado do 4º trimestre de 1979.
Em 23 de julho de 1979 foi votado em conselho da Associação Portuguesa “propor à União e à Divisão as plantas dos dormitórios para o internato em Oliveira do Douro.”
Em junho de 1981 foi iniciada a construção de um internato misto com cozinha e refeitório, o edifício que ainda continua em funcionamento.
Em outubro de 1982 o internato, embora ainda não completamente concluído, começou a funcionar. Os alunos internos estavam ao cuidado do precetor Rogério Nóbrega.
No ano de 2007 o interno ficou suspenso mas, pela graça de Deus, reabriu em setembro de 2013. Neste momento o internato está ocupado com uma dúzia de alunos, grande parte proveniente de Angola.
Também no ano letivo de 1982/83 se iniciou a lecionação do Curso Complementar com o 10º ano da área de estudos humanísticos.
No ano letivo de 1983/84 o colégio atingiu o objetivo de completar o nível de estudos secundários, com o funcionamento do 11º ano.
Em 1984 foi feita a vedação do pomar e novo impulso foi dado à agricultura. Posteriormente o terreno do internato também foi vedado.
Durante o ano de 1991 foi construída “a Casa Agrícola”, onde se encontram também a lavandaria, uma habitação pastoral e instalações da UPASD.
Em setembro 1995 começaram a funcionar as instalações do edifício “Nosso Amiguinho“, destinado ao Ensino Pré Escolar e ao primeiro ciclo do Ensino Básico. Também existe nesse edifício uma ampla sala polivalente. Para esta construção também contribuíram as ofertas de um crente adventista da Islândia que, ao longo de vários anos, proporcionou bolsas de estudo a alunos com dificuldades económicas. Este irmão também financiou a compra de uma carrinha de nove lugares. Para ele, também, os agradecimentos do CAOD.
Em 1989 o CAOD recebeu a visita do Pastor Neal Wilson, então Presidente da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
Também em 1988/1989 o CAOD participou nas comemorações dos quinhentos anos dos Descobrimentos Portugueses e foi construída uma “Caravela“ nos terrenos do colégio. Um empreendimento que permitiu a interdisciplinaridade e a projeção do Colégio para o exterior.
No fim do ano letivo de 1989/90, devido ao reduzido número de alunos, foi necessário desistir do funcionamento do Ensino Complementar, área D.
Em 1992 a Biblioteca sofreu obras de remodelação e foi construída uma sala para a Mediateca. A Mediateca foi feita graças a um subsídio do Prodep ao qual o CAOD concorreu.
Passaram-se alguns anos e, em 1996/97, após as obras necessárias para equipar os laboratórios, começou a funcionar o Agrupamento 1 do Ensino Secundário Científico-Natural. Em 1997/98 foi a vez da Área de Estudos Humanísticos, Agrupamento 4.
Mas, mais uma vez, devido ao reduzido número de alunos, a Área de Estudos Humanísticos encerrou no final do ano letivo de 1999/2000 e a de Científico-Natural no fim do ano letivo de 2002/2003.
Em 1997 foi montada a estrutura metálica que permitiu a possibilidade de corredores cobertos a ligar o edifício central e o “Nosso Amiguinho” ao internato e ao refeitório.
No ano de 1998 o edifício central sofreu obras e foi levantado um terceiro andar onde funcionam salas de apoio, o NUMUS (núcleo museológico) e o CERAM CAOD (clube de cerâmica).
Em 2000 foi construído o Campo de Jogos e as respetivas bancadas, espaço também aproveitado para as festas de fim de ano e outras atividades.
Já em 2008 foi reconstruído o Parque Infantil do Edifício o “Nosso Amiguinho", uma obra que só foi possível realizar graças às ofertas voluntárias de muitos irmãos e amigos do CAOD.
O CAOD foi, nos dias 26 e 27 de fevereiro de 2007, acreditado pela primeira vez, pela Comissão de Acreditação da Divisão Euroafricana e da Conferência Geral, seguindo os critérios definidos pela Accrediting Association of Seventh-day Adventist Schools, Colleges, and Universities. Fizeram parte do júri: o Diretor do Departamento de Educação da Divisão Euroafricana, Dr. Roberto Badenas, a Diretora do Departamento de Educação da UPASD, Dr.ª Maria Rosa Nunes, o Diretor do Colégio Adventista de Urgell (Barcelona), Dr. Antonio Pólo, o professor do quadro geral do Ensino Básico público, Dr. Jorge Branquinho e o professor do quadro geral do Ensino Secundário Público, Dr. Samuel Grave.
Nos dias 28, 29 e 30 de janeiro de 2013, o CAOD foi novamente acreditado. Fizeram parte do júri: o Diretor do Departamento de Educação da Divisão Inter-europeia, Dr. Barna Magyarosi, o Diretor do Departamento de Educação da UPASD, Dr. Tiago Mendes Alves, o Director do Colégio Adventista de Timón (Madrid), Dr. Joan Llorca Contel, a Diretora Pedagógica do Colégio Adventista de Setúbal, Dr.ª Marta Vieira Machado e a Profissional de Educação ASD exterior à rede escolar não ASD, Dr.ª Licínia Santos.
Além das festas de fim de ano, o CAOD realiza anualmente a Festa de Natal destinada a toda a comunidade escolar. São momentos de partilha e de louvor muito apreciados não só pelos alunos mas também por pais e avós…
Ao longo dos anos, vários jovens e adultos portugueses e estrangeiros, aqui têm realizado serviço voluntário em áreas como vigilância, secretaria, cozinha, ensino, biblioteca, limpeza, transportes, música e multimédia. O seu contributo foi enorme mas, certamente, quem mais enriqueceu foi cada um destes voluntários que ofereceram um ou mais anos à Obra de Deus.
Muitos anos já passaram desde 1974!
Anos em que, como escreveu Eça de Queirós em “Os Maias“, p. 689, edição Livros do Brasil, ”Gente nasceu, gente morreu. Searas amadureceram, arvoredos murcharam. Outros anos passaram.”
“Gente nasceu”, é certo, especialmente as muitas dezenas de alunos do CAOD, filhos de antigos alunos, mas também “gente morreu”. Faleceram os professores Dr. António Sacramento Oliveira, Pr. Sérgio Danilo Teixeira e Dr. Júlio Duarte Vieira (também ex-aluno), os funcionários José Fernando Oliveira, Fátima Moreira, Joaquim de Abreu, Salomé Simões de Abreu e os alunos: António Dionísio Rodrigues dos Santos, Goreti Cristina Rocha Sousa, João Manuel de Oliveira Ferreira, João Pedro Dinis de Barros, Paulo Jorge Pestana dos Santos, Ricardo Osvaldo Brás, Ruben Pedro da Silva Oliveira, Rui Jorge Fernandes Silveira, Paula Cristina Fernandes Silveira Gomes, Raquel Cristina Abranches Filipe Cardoso, Melany de Oliveira Cresta, Ana Paula Gilvaz Rosa Ramos, Guilherme Leonel de Lima Peixoto e José Alexandre Costa.
Estes são os nomes de que o CAOD tem conhecimento.
Nos quarenta e três anos de existência do CAOD serviram esta instituição como diretores: Gustavo Samuel Grave (de 1975 a 1980, de 1981 a 1987 e de 1994 a 1996), Eunice Mendes Alves (de 1987 a 1992), Helder Gomes Boneco (de 1980 a 1981 e de 1992 a 1994 ), Victor Pereira Alves (de 1996 a 2002), Tiago Mendes Alves (de 2002 a 2012) e Samuel Marcos Simões de Abreu (a partir de 2012).
Também serviram como administradores: Emanuel Paulo Mendes, Ezequiel Quintino, António Maurício, Eugénio Rodriguez Peres, Samuel Grave, Olga Almeida, Manuel Garrido e, atualmente, Rita Ferreira Duarte.
Desde 1982 até ao presente serviram no internato os seguintes precetores: Rogério e Amélia Nóbrega, Mário e Maria José Brito, Maria Silva, Alcino e Cândida Pinto, Joaquim Nogueira, Rosa Lopes, Daniel Bastos, Chantal Calixte, Ásia dos Santos, Júlio e Graça Vieira, Sandra Ferreira, António e Lurdes Lima, Luís e Goreti Rosa, Rute Santos, Ana Koll, Jonicks e Sílvia Silva, Alessandro e Andreia Brachmann, Samuel e Cláudia Camilo, João e Donatilde Catarino, Hernâni e Raquel Moura, Edgar Justino e Érica Mendes.
Deus sempre tem colocado as pessoas certas nos lugares certos e nas alturas certas!
Após esta breve retrospetiva, poder–se–á dizer como Samuel (I Samuel 7:12) ”Até aqui nos ajudou o Senhor.”
Houve momentos difíceis, mas também Semanas de Oração, cerimónias batismais nas quais muitos alunos se entregaram a Cristo, passeios, acampamentos , festas de Natal e de Fim de Ano, Noites dos Talentos, Saraus de Leitura, Dias da Escola Aberta, Escolas de Pais, Semanas Culturais, Encontros de Antigos Alunos, Professores e Funcionários, Comemorações dos 30 e dos 40 anos do CAOD, lançamento do livro “30 anos com Cristo… a Semear para a Eternidade”, lançamento dos CD´’s “Vinde a mim” e “Celebrar o Natal” e vários filmes promocionais e de sensibilização, que ficarão para sempre na memória de quem viveu esses momentos.
Deus permita que permaneçam também para sempre na memória de todos os que estiveram, estão e estarão ligados ao CAOD, as palavras de Ellen White acerca do objetivo da Educação Adventista: “Preparar o estudante para o gozo do serviço neste mundo e para aquela alegria mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo vindouro.” Educação, p. 13.
Eunice Mendes Alves, Professora do CAOD aposentada (texto atualizado em janeiro de 2017)